Análise - Okami


Rapidinha
Gênero: Ação/Aventura
Desenvolvedora: Ready at Dawn
Plataforma: Wii

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Um dos melhores títulos do Wii... é um port de um jogo de PS2

Às vezes os videogames podem ficar repetitivos. Quando você se cansa dos shooters, platformers, puzzles e afins que parecem ser sempre a mesma coisa, isto é. Okami é um daqueles jogos que vêm mudar essa cena. Com um estilo artístico original, uma história complexa e quase 30 horas de jogatina, o jogo traz muito mais valor do que a maioria dos títulos atualmente no mercado. E, no fim, você não tem escolha à não ser amar cada minuto que gastou com o jogo.


Nele você controla Amaterasu, encarnação da deusa do Sol, e deve, junto com seu parceiro Issun, acabar com o mal de 100 anos atrás que voltou para destruir toda a vida existente. Parece simples, mas não é. É impressionante como a história ganha profundidade à medida em que mais e mais elementos vão sendo jogados na sua direção, e como você deve prestar atenção em todos os detalhes se quiser entender tudo o que se passa. É preciso paciência, também, já que o jogo inteiro acontece em um ritmo bem lento e nada se resolve rapidamente. Exige dedicação, mas todo o seu esforço é bem pago quando você termina o jogo sabendo não só o presente, mas também o passado e até o futuro dos personagens.

Ainda assim, todo esse esforço pode acabar não acontecendo porque, se você não tiver a paciência pra aguentar todo o falatório - muitas vezes desnecessário - pode acabar desistindo antes da metade do jogo. A história, além disso, parece nunca acabar. Quando você pensa que derrotou o chefe de todos os chefes, o jogo diz que é "apenas o começo". É frustrante, e isso depois de mais de 20 horas de gameplay. O jogo também cai nas graças de alguns dos velhos clichês, tornando-se completamente previsível em alguns momentos. Alguns personagens aparecem só pra fazer cena e outros, que pareciam super importantes no começo da jornada, são deixados pra trás sem explicação nenhuma.

É impossível negar, no entanto, que o roteiro é extremamente bem construído. Ele nunca fica previsível demais e você nunca imagina como será o final. E, levando em conta que isso é algo que poucos títulos hoje em dia conseguem - ou pelo menos tentam conseguir -, Okami realmente se destaca.


Okami é um jogo de aventura dividido em duas partes: a exploração, de quando você anda por cenários gigantescos tentando cumprir seus objetivos, e o combate, quando você vai cara a cara com os inimigos e mostra quem manda (ou não). Quando não se está em combate, é preciso andar pelo mapa gigantesco em busca de objetivos para continuar seguindo a história, e também achar as 13 técnicas divinas que Amaterasu havia perdido no seu retorno. Essas técnicas são úteis tanto no combate quanto na exploração, e são feitas usando o Wii Remote como um pincél. Embora funcione na maioria do tempo, é um controle problemático. Nem tudo sai como você quer e o Wii Remote simplesmente não ajuda, visto que não é o controle mais preciso do mundo.

Isso é um problema constante, visto que você precisa utilizar essa técnica praticamente o tempo todo, seja pra resolver puzzles, pra atacar os inimigos ou simplesmente pra subir uma plataforma. Fica divertido quando você se acostuma com esses problemas e descobre uma maneira de contorná-los, mas não dá pra esconder o fato de que simplesmente não funciona direito. Os cenários do jogo são enormes e incrivelmente bonitos, você realmente tem vontade de explorar e descobrir o que há por trás de tudo aquilo. O jogo também te deixa aperfeiçoar suas habilidades com as orações que você ganha ao ajudar as pessoas, e até mesmo ganhar novas, indo ao dojo.

Ainda é preciso escolher a arma certa para cada tipo de situação, assim como a arma secundária, e os itens que você quer comprar. Caso você ainda não tenha entendido, estratégia é um papel fundamental na hora de jogar Okami. Não se trata apenas de sair correndo por aí como um louco. Seu objetivo primário é restaurar as Guardian Saplings, árvores que podem restaurar as áreas contaminadas pelo mal. Como é de se esperar, várias missões secundárias aparecem logo no começo. Essas missões também acabam sendo um problema, já que muitas vezes te dão objetivos vagos e te deixam sem idéia do que fazer. A saída é ir procurando pelo mapa estupidamente grande até encontrar o que procura ou sair em busca de um santo detonado na internet.


O combate também se mostra insatisfatório, já que o Wii Remote, mais uma vez, prova que não é o controle certo pra esse tipo de coisa. Para atacar os inimigos é preciso chacoalhar o controle com cuidado pra poder fazer combos. Chacoalhe rápido demais, e você erra. Faça lento demais e o resultado é o mesmo. Chega a ser frustrante, e o combate envelhece rápido. Os novos inimigos não apresentam muito desafio e todas as batalhas parecem a mesma coisa. As diferentes armas e itens trazem um pouco mais de diversão mas, no fim, é simplesmente inegável que esse é um sistema falho.

Um dos maiores atrativos de Okami é definitivamente o seu visual. É algo bem único, com um estilo pincelado e que, apesar das limitações gráficas do Wii (e de ser um port direto do PS2 sem quase nenhum melhoramento nessa área) é completamente original e lindo. Cada cenário foi construído com um grande esforço, é notável, e são tantos detalhes que fazem a experiência ainda melhor. É decepcionante, porém, que ele não se diferencie muito do que foi visto no PS2 - podendo até ser visto como um jogo do mesmo pelos mais desavisados. É um belo exemplo de como tirar o máximo de um console limitado como o Wii, e o resultado é um produto que não fica devendo muito para os concorrentes poderosos em questão de beleza. Okami é uma obra de arte.

O jogo faz um ótimo trabalho no som, trazendo músicas que servem para todos os momentos, sejam eles de empolgação, alegria ou tristeza. Apesar de nenhum personagem ter voz, a trilha sonora consegue fazer todo o trabalho sozinha. O jogo é bem engraçado, aliás (coisa rara de se ver, visto que essas tentativas de humor normalmente terminam em desastre, como Sonic Colors), e consegue equilibrar perfeitamente momentos de tensão e descontração. Seja andando pelos mapas gigantescos ou lendo os imensos diálogos, você nunca vai ficar entediado.


Tem gente que diz que videogame não é arte. E existem jogos como Okami pra provar o contrário. Seja você um fã de RPG, jogos de ação/aventura ou qualquer outro gênero, essa é uma daquelas experiências obrigatórias. Okami busca inspiração em várias fontes e, ainda assim, traz algo original e que dificilmente será visto novamente. Com certeza vale a pena olhar esse que é, ao meu ver, um dos melhores jogos já feitos.

O Veredicto
História: 9 - Interessante e bem escrita, mas acontece num ritmo lento demais e tem muito falatório, o que vai tirar a paciência de alguns.
Gráficos: 9,5 - Apesar de não se distanciarem muito da versão de PS2, é impossível não amar o visual do jogo.
Som: 8,5 - Boa trilha sonora que consegue compensar a ausência de falas, mas que pode dar uma sensação de repetição em alguns momentos.
Gameplay: 7 - Wii Remote causa problemas, mas nada que tire a diversão do jogo. Bem, só um pouco dela.
Nota final: 8.5 - Ótimo. Recomendado!

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Confira um trailer do jogo:



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Leonardo P.

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