Análise - Sonic Colors


Rapidinha
Gênero: Plataforma/Aventura
Desenvolvedora: Sonic Team
Plataforma: Wii

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É difícil decidir qual o estilo certo que Sonic deve seguir. O personagem já foi cavaleiro medieval, virou lobo, lutou contra deuses e impediu a destruição do mundo inúmeras vezes, mas não consegue ter um jogo bom há mais de 10 anos. E, por mais que corra sem parar, parece que nunca mais vai conseguir alcançar Mario, seu rival de longa data. Dessa vez a SEGA tenta a sorte com Sonic Colors, título que prometeu trazer de volta, melhorada, a jogabilidade vista em Sonic Unleashed, adorada pelos fãs. Será que ela finalmente acertou ou essa é apenas mais uma tentativa frustrada?

Sonic e a trupe do mal -n

Depois de aparentemente desenvolver um remorso pelo seu passado, Dr. Eggman abre um parque de diversões no espaço, que conta com várias atrações interplanetárias. Sonic e Tails vão investigar e acabam conhecendo Yacker, que vem de uma espécie de aliens conhecida como Wisps. Depois de várias tentativas de comunicação, eles descobrem que os Wisps foram sequestrados pelo Dr. Eggman, que planeja usar seus poderes para realizar seus planos malvados. O jogo deixa claro que é voltado para o público infantil, com diálogos que as crianças irão adorar, mas que simplesmente vão irritar os mais velhos. A narrativa é focada inteiramente no humor, trazendo sempre uma piada nova e deixando de lado o clima mais sério visto em jogos anteriores. Isso poderia ter sido uma boa adição, mas o humor é, em grande parte, infantil. Piadas sofríveis que parecem ter sido escritas por... mim estão presentes o tempo todo, e é mais provável que você acabe pulando as cutscenes à fim de evitar tamanha besteira. Sonic está extremamente convencido, de uma maneira irritante, e o jogo tem vários acontecimentos clichês, típicos de desenhos infantis. A narrativa, mesmo assim, é muito mais eficiente do que a da versão de DS, e é boa na maior parte do tempo. Não tem viagens ao passado, nem um roteiro desnecessariamente complicado, tampouco personagens secundários inúteis, e isso deve torná-la mais atrativa ao público que estava cansado desse tipo de coisa.

Na parte sonora, todos os personagens receberam novas vozes. A voz de Sonic está mais madura, e não combina muito com o personagem à primeira vista. Mas não demora muito para que você se acostume com ela e ache até mesmo normal. Vale ressaltar, porém, que a antiga voz combinava mais com o personagem, tanto que essa está recebendo bastante crítica por parte dos fãs. Tails, por sua vez, finalmente ganhou uma voz de garoto, que lhe cai como uma luva, e deixou de lado aquele tom infantilóide e feminino que sua antiga voz possuía - estava na hora, diga-se de passagem. Não temos muitas aparições especiais ao longo do jogo - de fato, não temos nenhuma - então os personagens principais fazem um trabalho ótimo com o que tem. Caso não goste das vozes americanas, pode ir no menu e trocar o áudio para japonês, colocando uma legenda na linguagem que preferir. Dificilmente você vai descobrir onde fica o escondido menu, mas fica a dica. Já nos cenários, a batida de rock que marcava os jogos anteriores foi tirada e agora dá lugar à músicas mais variadas, contando, inclusive, com a ajuda de uma orquestra. As músicas são boas - com exceção da música tema do jogo - e divertidas, combinam com as fases e não são chatas em sua maioria. Não chegam nem perto de ter a criatividade vista na era clássica, mas caem bem com o clima do jogo e, sem dúvida, se encaixam melhor do que qualquer batida de rock que temos visto nos últimos anos.

Sonic estimulando a obesidade infantil.

O jogo faz bonito na parte gráfica e traz cenários belíssimos que impressionam até mesmo quem está acostumado a jogar Xbox 360/PS3. Mesmo não conseguindo suportar a Hedgehog Engine (usada nas versões PS360, e que deu ao Unleashed seus belíssimos gráficos) o Wii não decepciona e traz algo igualmente belo e impressionante. O nível de detalhes que cada cenário possui é incrível e vai ser uma atividade à parte parar apenas para ficar observando-os. Como era de se esperar, é tudo muito colorido e bonito e cada novo cenário possui um visual único, que desperta curiosidade no jogador e o estimula à continuar jogando. As cutscenes têm gráficos in-game que são bons, embora a movimentação dos personagens pareça estranha algumas vezes e você consiga notar alguns serrilhados de vez em quando. Mas, para um console que toda semana recebe algum novo jogo de esporte tapa-buraco com gráficos que parecem ter saído de um PS1, pedir algo melhor do que isso seria pedir demais. Já é costume da SEGA sempre trazer belos gráficos e, dessa vez, ela não faz diferente. Sem dúvida um dos jogos mais belos do Wii, perdendo apenas para Super Mario Galaxy 2, que continua insuperável até o momento.

A inovação da vez está mesmo no gameplay. O jogo pega o que foi visto em Sonic Unleashed e aperfeiçoa, o gameplay está muito mais preciso e a maior parte do jogo acontece em visão lateral (2D). A velocidade foi diminuída e mais atenção foi dada às seções de plataforma, essenciais para um jogo que se diz platformer. Ele introduz os Wisps, aliens que dão diferentes poderes ao Sonic. Você pode voar, sair por aí destruindo tudo, virar um foguete e sair voando em direção ao céu, escavar o chão, entre outras coisas. Os poderes são divertidos e ajudam a liberar caminhos secretos, que não poderiam ser vistos sem os mesmos. Você vai liberando novos Wisps à medida em que passa o jogo, logo o fator replay se torna bem alto, pois você vai querer voltar nas fases anteriores para jogá-las novamente, dessa vez com novos poderes e novas possibilidades. Os cenários possuem uma variedade incrível e uma criatividade fora do comum, coisa rara de ser vista nos jogos atuais e até mesmo alguns elementos clássicos estão presentes e devem agradar jogadores de todos os gostos. Os controles respondem bem nas partes 2D e o jogo pode ser frustrante, mas é por falta de habilidade do jogador e não por controles ruins, como nos anteriores. Ele é, impressionantemente, divertido. Algo que estava faltando em outros jogos atuais e que é a chave de um jogo do gênero. Assim como a grande maioria de jogos do tipo, ele tem objetos escondidos pelas fases. Esses objetos são os Red Rings (anéis vermelhos, em tradução livre). Existem 180 Red Rings espalhados pelo jogo, e sempre que você pega um determinado número deles mais fases são abertas no Sonic Simulator. Pegue todos, passe todas as fases e conseguirá jogar com o poderoso Super Sonic, outro elemento que aumenta o fator replay. Ele também tem um modo multiplayer, onde dois Sonic's robôs (que podem ter a cabeça trocada pela do seu Mii) correm por cenários extremamente simples e curtos. O problema é que ele não funciona direito, pois dois Sonic's correndo ao mesmo tempo têm muita velocidade e exige que ambos os jogadores tenham muita habilidade com o personagem, o que geralmente não acontece. Ele pode se tornar divertido caso você tenha um amigo com experiência e tudo mais, mas geralmente quem pega o segundo controle é aquele cara que mal joga videogame e não sabe nem quem Sonic é, então as coisas ficam complicadas e o multiplayer se torna menos acessível. E não vá pensando que o jogo é perfeito, pois esse não é o único problema...

Alguns Wisps são inúteis, e dão habilidades que o Sonic já usava em jogos anteriores, como o boost ou o light dash. Outros simplesmente não tem graça nenhuma, como o Blue Cube. E, apesar da jogabilidade 2D ser uma maravilha, as partes 3D são defeituosas. O personagem parece escorregadio e de difícil controle, tornando comum que você sofra alguma morte desnecessária ao longo do caminho. Todos os chefes do jogo são repetidos, até mesmo o último, e extremamente fáceis. Você vai levar um bom tempo pra se acostumar com os controles e, ao jogar com o Wii Remote, muitas vezes ele não responde quando é preciso chacoalhar o controle pra ativar o Wisp, o que causa morte e frustração no jogador. O jogo é muito curto, podendo ser finalizado em cerca de 5 horas e, embora ele tenha muitas fases, a maioria termina muito rápido, em cerca de 2 minutos. O multiplayer está entre um dos piores já vistos e mostra que a SEGA ainda não entendeu como isso deve ser feito. O caminho certo não é com minigames, tampouco colocando dois Sonic's robôs juntos em uma só tela. O jogo é muito parecido com Mario Galaxy e chega até a ser uma cópia em certos momentos. E não, não é o tipo de cópia que consegue ultrapassar o produto original, infelizmente.

Corra, Sonic! Afinal, você só serve pra isso mesmo.

Sonic Colors é um jogo diferente. Copia muitas coisas já vistas anteriormente e tenta inovar. Consegue em partes e dá um pouco de vida para uma franquia que estava morrendo aos poucos. Não vai agradar à todos e ainda sofre de problemas vistos há 10 anos atrás, mas é um jogo acima da média se comparado com as atrocidades que a franquia tem visto. Se você estava esperando pelo retorno triunfal do ouriço, essa ainda não é a sua vez, mas sugiro que dê uma chance ao jogo mesmo assim. Existe um produto impressionante esperando para ser descoberto.

O Veredicto
História: 7,5 - Boa, mas extremamente besta em alguns momentos. Poderia ter sido melhor aproveitada.
Gráficos: 9,5 - Incríveis em todos os sentidos e algo raramente visto no Wii. Não fosse por Mario Galaxy, poderiam ser considerados os melhores do console.
Som: 8 - Música nova e boa, mas a voz de Sonic está estranha e o tema principal ainda machuca meus ouvidos toda vez que toca quando ligo o videogame.
Gameplay: 8,5 - Partes 2D mostram que têm potencial, mas velhos problemas de controles nas seções em 3D e alguns Wisps inúteis tiram qualquer chance que o jogo poderia ter de alcançar a perfeição.
Nota final: 8.3 - Muito bom. Recomendado!

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Confira um gameplay:



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Leonardo P.

1 comentários:

Anônimo disse...

Concordo plenamente com sua analise, falou de tudo um pouco, e nesse pouco falou o que devia. Parabens.

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